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Ruídos Oceânicos

Autora: Natália Vagmaker - Projeto Amigos da Jubarte


“O canto das baleias é a essência de suas vidas, e os ouvidos o canal para suas almas.”


O ruído causado por ações do homem no ambiente marinho tem aumentado nas últimas décadas, colocando em risco a vida marinha, especialmente os cetáceos, visto que, dependem do som para sobreviver.



O uso do som é importantíssimo para obter informações do ambiente, assim como, para a comunicação entre indivíduos e grupos nas variadas atividades como, acasalamento, agregação e sinalização de perigo. Esse comportamento é conhecido como cena auditiva.


A cena auditiva engloba sons de outras espécies e ambientais, dando aos animais uma visão vasta do meio, muito além do campo visual. Em vista disso, interferências na cena auditiva podem causar prejuízos ao indivíduo ou para a manutenção da espécie.


Os sons antropogênicos podem interferir na ecolocalização dos cetáceos e consequentemente alterar padrões de alimentação, cuidado parental, fuga de predadores, acasalamento, abandono temporário ou permanente de uma certa área, alterações relacionadas aos padrões de mergulho, natação e da taxa respiratória. Podem também ocorrer mudanças na vocalização dos cetáceos na tentativa de superar o ruído que está interferindo na comunicação normal e além disso, pode causar perda auditiva temporária ou permanente, se a exposição ao ruído antropogênico for prolongado.

Determinadas espécies de baleias podem até chegar a mudar a rota migratória, objetivando o afastamento da fonte geradora de ruído. Outra consequência é o encalhe, causado por desorientação e fuga. Após a realização de testes militares com sonares houve o encalhe em massa de cetáceos na Grécia em 1996 e nas Bahamas em 2002, entre outros.



Fontes geradoras de ruídos

Os ruídos são causados por pesquisa sísmica para exploração de petróleo, perfuração, dragagem, explosões, sonares de exercícios militares, pesca e tráfego de embarcações comerciais e turísticas. Níveis de ruídos envolvendo dragagem, estaqueamento ou explosões subaquáticas, podem percorrer distâncias superiores a 1000 metros (Williams et al., 2014).

O ruído antropogênico marinho pode ser classificado como agudo ou crônico. O agudo é de alta intensidade, curta duração e frequentemente pulsado, geralmente causado por pesquisas sísmicas, sonar militar e estaqueamento. O ruído crônico é de longa duração e baixa intensidade, causado por transporte marítimo e atividade industrial, podem afetar o comportamento e a fisiologia dos cetáceos (IWC, 2021).

Os eventos de alta intensidade e curta duração têm demandado mais atenção pela chance de causarem danos físicos e perda de sensibilidade auditiva em mamíferos marinhos (Bailey et al., 2010), até mesmo sendo relacionados com encalhes.

A propagação do som ocorre de maneira eficiente no oceano, pois percorre longas distâncias em alta velocidade, sendo quase cinco vezes mais rápido na água que no ar. Mas essa propagação está sujeita à interferência de diversas condições, como por exemplo, velocidade do som, ruído de fundo e profundidade.


Observação de baleias

A maioria dos pesquisadores enfatizam a importância do turismo de observação de baleias, uma vez que, em áreas onde a atividade acontece não há caça a esses animais. Esse cenário fornece oportunidades de parcerias entre operadores de turismo e instituições de pesquisa.


A aliança entre turismo e educação ambiental contribui para a transformação de sentimentos, valores e atitudes, antes predatórios, convertendo-se em conservação ambiental. O turismo gera recursos aos operadores das embarcações, agregando benefícios econômicos à população local através de toda uma cadeia do turismo local.


Segundo Au & Green, (2000), é improvável que os níveis de sons produzidos pelos barcos do turismo de observação de baleias tenham algum grave efeito no sistema auditivo das jubartes. No entanto, é preciso saber operar o barco de forma cautelosa, seguindo as normas de observação de cetáceos.

Algumas delas são:

  • Evitar a aproximação rápida;

  • Permitir no máximo três embarcações na área de avistamento;

  • Manter uma distância mínima de 100 metros;

  • Evitar mudanças bruscas na direção do barco;

  • Não atravessar no meio do grupo de cetáceos, entre outras medidas.


Medidas mitigadoras

As regiões frequentadas pelos cetáceos, seja na américa do sul ou em qualquer lugar do planeta, possuem características diferentes. A pesquisa científica é essencial neste momento, pois através dela é que são definidos os cuidados a serem tomados em cada local específico. Assim, é possível auxiliar na criação de políticas públicas e evitar danos, tendo uma convivência sustentável com os animais do ecossistema marinho.

Algumas medidas podem ser tomadas para evitar danos acústicos aos cetáceos, como por exemplo, interromper a pesquisa sísmica e uso de sonares no caso de avistamento de cetáceos, adequação de horários e períodos do ano para realização de atividades sísmicas para exploração de petróleo, evitando assim testes durante períodos de migração ou em horários de alimentação, evitar aglomeração de embarcações turísticas em áreas de descanso e de alimentação, não realizar aproximações rápidas.

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Os Projetos Amigos da Jubarte, Jubarte.Lab e Golfinhos do Brasil são de realização do Instituto O Canal e Instituto Últimos Refúgios, em parceria com a Vale e o apoio nessa atividade da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Lar Mar.




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