Autora: Marina Batochio - Projeto Amigos da Jubarte
Você já deve ter ouvido falar sobre os sons dos oceanos, né? Existe um mundo diverso a ser estudado por lá. Atualmente, com o auxílio de hidrofones, a acústica ganhou um campo muito grande. Hoje a gente vai conhecer mais sobre o misterioso canto das jubartes, como ele funciona e quais são as perspectivas das próximas pesquisas sobre esse assunto.
Histórico
Muito antigamente os navegadores já ouviam os sons das baleias em condições de muito silêncio, proximidade dos animais e calmaria. Quando o tráfego de embarcações começou a aumentar, a poluição sonora nos oceanos dificultou cada vez mais que esses sons fossem ouvidos.
O primeiro som de baleia foi de fato registrado apenas na Segunda Guerra Mundial, quando sonares e submarinos começaram a ser usados em pesquisas para ouvir embaixo d’água e, então, foi consolidado que as baleias emitiam sons.
A primeira gravação do canto da baleia-jubarte foi em 1952 através de um hidrofone da marinha dos Estados Unidos instalado embaixo d’água no Havaí.
Por que “canto”? E como funciona?
Uma das características do canto dos pássaros é a repetição de um padrão fixo. Nas baleias-jubarte, os sons também formam padrões fixos que são repetidos dentro das populações, por isso são chamados de canto, assim como nos pássaros. O som mais curto, é a unidade. Uma série dessas unidades pode ser chamada de frase; uma sequência contínua de frases semelhantes é chamada de tema e, por fim, vários temas diferentes são combinados formando o canto.
O canto foi registrado apenas em machos de baleia-jubarte, e por isso é considerado um produto de seleção sexual. Há ainda a hipótese de o canto ser relacionado ao sucesso reprodutivo dos machos da espécie. Em cada população existe uma uniformidade no canto, um padrão fixo. Entretanto, esse canto está sempre em transformação e todos os machos vão incorporando essas alterações ao longo do tempo.
Indivíduos de uma mesma população geralmente cantam a mesma canção. Diferentes populações podem apresentar similaridades nos seus cantos, dependendo do espaço geográfico em que se encontram e da distância temporal, já que a transmissão das mudanças no canto de região para região pode levar anos.
O mecanismo pelo qual os cantos são compartilhados ainda é especulativo, mas já se fala em transmissão cultural como principal responsável. Pesquisas apontam que o canto das jubartes é um dos melhores exemplos de transmissão cultural em animais não humanos.
As baleias-jubarte têm a capacidade de mudar seus sinais vocais depois de entrar em contato com os sinais vocais de outros indivíduos. Apenas alguns grupos de mamíferos têm essa capacidade, incluindo cetáceos, pinípedes, morcegos, elefantes e humanos. Uma vez que o novo canto é registrado em uma população, todos os machos aderem a ela. O que inicia as mudanças ainda não foi esclarecido.
O canto de uma única baleia-jubarte pode durar de 5 a 30 minutos. Já foi observada uma sessão de cantos que durou por 22 horas. Ainda é um mistério como elas lembram todo o canto, e raramente foi registrado algum “erro” na repetição dos temas. Já foi demonstrado uma mesma vocalização por 20 anos em golfinhos nariz de garrafa, assim sugerem-se maiores estudos na área de memória para as baleias também. Assista ao vídeo da nossa equipe registrando o canto das baleias! Clicando no play ↓
Se você ficou com vontade de entender mais sobre as baleias-jubarte, fica de olho nas redes sociais do projeto, sempre tem novidade! Se gostou desse assunto, clica aqui pra ouvir a baleia-jubarte e mais alguns misticetos e odontocetos. É lindo de ouvir!
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Para aqueles que tem interesse em ver as baleias em Vitória - Espírito Santo em 2021, é só entrar no site do Projeto Amigos da Jubarte pelo link: www.queroverbaleia.com
Os Projetos Amigos da Jubarte, Jubarte.Lab e Golfinhos do Brasil são de realização do Instituto O Canal e Instituto Últimos Refúgios, em parceria com a Vale e o apoio nessa atividade da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Lar Mar.
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